quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ser feminista





Na actualidade, faz-se uma errada associação entre os princípios do ideal feminista e a corrente mais radical deste movimento, ocorrido nos anos 70 do século vinte. Nesta época, as feministas mais radicais encaravam o elemento masculino como repressor e uma forma de domínio sobre as mulheres e, por isso, tinham como modo de defesa distanciar-se do “inimigo”. Além de tudo isto, ficou na sociedade em geral a falsa ideia de que as feministas são mulheres que perderam deliberadamente a sua feminilidade.

Não obstante, esta ideia precisa de ser eliminada da sociedade em geral, pois a mulher que se assume como feminista não recusa o batôn, os saltos altos ou o soutien mas é uma mulher que defende a luta contra o racismo, a xenofobia, a homofobia e propõe que todos os seres humanos sejam iguais em direitos e deveres, independentemente do seu sexo, profissão, nacionalidade, crenças políticas ou religiosas, raça ou opção sexual.

A mulher feminista apela ao seu direito de usufruir do seu bem-estar da forma que entender, como ser livre que é e que deve ser julgada sem distinções. É de ressalvar, que estas defendem que a mulher tem valor por si mesma e o seu papel na sociedade não se cinge a ser boa mãe e esposa.

Para concluir, o preconceito errado em relação às feministas foi originado pela comunicação social, que reporta sobretudo os factos mais radicais deste movimento e, muitas vezes, esta falsa ideia leva muitas mulheres a não se assumirem como integrantes do movimento por não terem a verdadeira noção do que isso significa, porque na realidade muitas delas concordam com o seu ideário só que o desconhecem, e deverão procurar informar-se para, talvez um dia, se assumirem com todo o orgulho como feministas!



Luísa Esteves

A ruralidade





Portugal, como é do conhecimento geral, é um país em que grande parte da sua massa populacional se concentra sobretudo junto ao litoral e em volta dos dois grades centros urbanos (Porto e Lisboa). O resto do país é votado um pouco ao esquecimento, tanto por parte do poder político, que está centralizado na capital, como por parte das empresas que investem muito pouco nesses locais e, inclusivamente, pela sociedade em geral que se vê obrigada a procurar melhores condições de vida no litoral.

A pouca população que cresce nestes sítios está isolada e envelhecida, e muitas das típicas aldeias portuguesas encontram-se abandonadas porque as pessoas que lá viveram já morreram, ou então, a população que resta é tão pouca que ninguém dirá que aquela aldeia é habitada.

É, por isso, de suma importância não nos esquecermos que as nossas aldeias estão repletas de algumas das maiores potencialidades do nosso país, como são: a sua gastronomia, os seus produtos típicos e de excelente qualidade, o seu artesanato, a pronúncia cheia de particularidades e que demarca na perfeição a região de Portugal onde estamos e a sua gente.

Do ponto de vista sociológico, é fácil percebermos que o isolamento a que as pessoas das aldeias estão sujeitas, molda a sua personalidade, tornando-as mais reservadas e fechadas. Contudo, há características que as demarcam em relação a uma pessoa que vive em grandes centros urbanos, como a simpatia, a entreajuda, a forma como usufruem do seu tempo e como o vêm, tendo um ritmo de vida mais lento e relaxado.

Em suma, considero que as nossas aldeias deveriam ser mais valorizadas e aproveitas, porque é triste que deixemos o nosso património perder-se.


Luísa Esteves   

A mutação da família






Antes da Revolução Industrial dos finais do século dezoito, a família tinha uma organização bastante diferente da contemporânea, em termos de estrutura, função ou hierarquia.

Antigamente, os casais tinham como princípio ter muitos filhos, pois era um factor de prestígio e consequentemente de orgulho. No lar conviviam diversas gerações, os pais, os filhos casados e os cônjuges, os netos e os filhos solteiros. Todos estes elementos trabalhavam para um objectivo comum, que era cuidar e aumentar o seu património e protegerem-se em caso de necessidade como: doença, morte ou velhice. Os momentos especiais de festa eram profundamente religiosos, e dessa forma, se perpetuavam os rituais através das novas gerações. Neste modelo de família as fronteiras estavam bem definidas: as mulheres estavam subordinadas primeiro ao pai, depois ao marido e, no caso deste falecer, ao filho mais velho e quanto aos restantes membros deveriam obedecer ao patriarca.

Já depois da Revolução Industrial, a forma como as famílias se organizavam alterou-se por completo. As pessoas migraram do campo para a cidade à procura de melhores condições de vida e de emprego nas fábricas e, assim, começaram a viver longe do local onde estavam os seus parentes. Cada indivíduo passou a escolher o seu próprio parceiro e o controlo dos mais velhos sobre as gerações mais novas diminuiu bastante. Além disso, nas cidades a limitação do espaço não proporcionava a habitação conjunta de todos e colocou limites ao número de filhos que cada casal podia ter. A esta nova organização deu-se o nome de família conjugal ou nuclear, onde o homem sai para trabalhar e a mulher cuida dos filhos.

Actualmente, as famílias sofreram outras modificações, pois a mulher trabalha, as tarefas são muito mais distribuídas, não há um elemento de submissão entre o casal, e em termos de estrutura surgiram as famílias monoparentais em que existe apenas um adulto e os seus filhos. Esta situação pode ser gerada por divórcio, viuvez, geração por parte de uma mulher solteira ou dificuldades financeiras.

Futuramente a família poderá alterar-se novamente consoante a evolução da sociedade já que é um dos seus elementos constitutivos.

Luísa Esteves